Esse texto gerou uma crítica interessante que me foi enviada como feedback, que é essa:
"Você diz que existe uma discussão sobre a IA que, na sua opinião, é mais interessante do que discutir sobre 'o que ela vai substituir', sendo que o mercado já começou a substituir e testar essas hipóteses sozinhos (vide os conteúdos de livros escritos por IA sendo vendidos na Amazon, NFTs sendo criados pelo MidJourney e vendidos no OpenSea), isso não é algo meramente interpretativo. O mundo está mudando e, com ele, devemos incentivar às pessoas a enxergarem as oportunidades e se preocuparem com a necessidade de adaptação, não a tentar 'acalmá-las' dizendo que vai ficar tudo bem, porque não vai."
Acho essa crítica interessante, como disse, mas principalmente porque ela considera que o meu texto tem qualquer teor de "positivo", que diz que "vai ficar tudo bem". Acho uma interpretação bastante equivocada porque não sei onde fiz exatamente um juízo de valor, e principalmente na segunda metade do texto deixo claro ao dizer que a precarização do trabalho já ocorre independente do avanço da IA. Ou seja, eu não acho que vai ficar tudo bem porque eu acho que nunca esteve tudo bem. Achei, sinceramente, curiosa essa interpretação positiva.
O que eu escrevo ali, com todas as palavras, é que tudo que consumimos hoje na internet é controlado, editado e gerenciado por grandes corporações, e que nós temos (enquanto criadores) que nos adequar o melhor possível a esse formato. "Criar conteúdo pra internet hoje é seguir uma série de arbitrariedades sem questionar muito para poder ser contemplado da melhor maneira possível a um algoritmo. Isso serve para tudo que a internet se tornou, porque em algum momento lá atrás entendemos como sociedade que só frequentaríamos os espaços disponibilizados e fomentados por grandes empresas."
E o que produzimos enquanto criadores não é tão diferente do que o que uma IA produz porque precisamos, para ter algum alcance, seguir formatos específicos impostos pelo algoritmo da rede. E que, na lógica de produzir com isso em mente, realmente o trabalho humano não é nem mesmo necessário porque se trata de cumprir determinados requisitos não relacionados à qualidade. E isso é o que IA faz muito bem. Tanto o trabalho humano não considerado pelas empresas como necessário que ele é altamente precarizado.
Acho que quem trabalha com escrita como eu já deu uma espiadinha naqueles sites de "terceirização de artigos", e o quão mal pagos eles são. É a epítome da precarização do trabalho. As IAs não vieram para impor isso, isso já existia até como consequência da dominação dos espaços da internet por grandes corporações. A automatização dessa lógica de criação de conteúdo me parece ser evidente. Ou seja, a precarização em si é algo muito, muito anterior do que IAs como o ChatGPT. Não é a tecnologia que tira o seu trabalho, é a precarização.
Sobre os exemplos práticos citados na crítica, eu discordo que eles sejam indícios de qualquer coisa. Não existe crivo qualitativo pra publicar um ebook na Amazon exceto aqueles que a própria Amazon coloca lá. Cumprindo-os, você pode colocar à venda. E colocar à venda é fácil, difícil é fazer vender (você já comprou um livro gerado por uma IA?) Entra aí o ponto que comento sobre a percepção da qualidade de um conteúdo de IA. Se alguém me apontar uma boa história inteiramente escrita e editada por uma IA, sem qualquer intervenção humana na concepção, aí dá pra começar a entender esse potencial como além de especulação.
E sobre NFTs, pô, só se fala em outra coisa, né? NFTs fizeram lá o seu nicho com aqueles idiotas de sempre, amplamente rejeitadas até onde sei no mundo real. Acho que arte de IA e NFTs tem mesmo tudo a ver e se merecem demais, mas não consigo entender como exemplo pra qualquer outra coisa.
Esse texto gerou uma crítica interessante que me foi enviada como feedback, que é essa:
"Você diz que existe uma discussão sobre a IA que, na sua opinião, é mais interessante do que discutir sobre 'o que ela vai substituir', sendo que o mercado já começou a substituir e testar essas hipóteses sozinhos (vide os conteúdos de livros escritos por IA sendo vendidos na Amazon, NFTs sendo criados pelo MidJourney e vendidos no OpenSea), isso não é algo meramente interpretativo. O mundo está mudando e, com ele, devemos incentivar às pessoas a enxergarem as oportunidades e se preocuparem com a necessidade de adaptação, não a tentar 'acalmá-las' dizendo que vai ficar tudo bem, porque não vai."
Acho essa crítica interessante, como disse, mas principalmente porque ela considera que o meu texto tem qualquer teor de "positivo", que diz que "vai ficar tudo bem". Acho uma interpretação bastante equivocada porque não sei onde fiz exatamente um juízo de valor, e principalmente na segunda metade do texto deixo claro ao dizer que a precarização do trabalho já ocorre independente do avanço da IA. Ou seja, eu não acho que vai ficar tudo bem porque eu acho que nunca esteve tudo bem. Achei, sinceramente, curiosa essa interpretação positiva.
O que eu escrevo ali, com todas as palavras, é que tudo que consumimos hoje na internet é controlado, editado e gerenciado por grandes corporações, e que nós temos (enquanto criadores) que nos adequar o melhor possível a esse formato. "Criar conteúdo pra internet hoje é seguir uma série de arbitrariedades sem questionar muito para poder ser contemplado da melhor maneira possível a um algoritmo. Isso serve para tudo que a internet se tornou, porque em algum momento lá atrás entendemos como sociedade que só frequentaríamos os espaços disponibilizados e fomentados por grandes empresas."
E o que produzimos enquanto criadores não é tão diferente do que o que uma IA produz porque precisamos, para ter algum alcance, seguir formatos específicos impostos pelo algoritmo da rede. E que, na lógica de produzir com isso em mente, realmente o trabalho humano não é nem mesmo necessário porque se trata de cumprir determinados requisitos não relacionados à qualidade. E isso é o que IA faz muito bem. Tanto o trabalho humano não considerado pelas empresas como necessário que ele é altamente precarizado.
Acho que quem trabalha com escrita como eu já deu uma espiadinha naqueles sites de "terceirização de artigos", e o quão mal pagos eles são. É a epítome da precarização do trabalho. As IAs não vieram para impor isso, isso já existia até como consequência da dominação dos espaços da internet por grandes corporações. A automatização dessa lógica de criação de conteúdo me parece ser evidente. Ou seja, a precarização em si é algo muito, muito anterior do que IAs como o ChatGPT. Não é a tecnologia que tira o seu trabalho, é a precarização.
Sobre os exemplos práticos citados na crítica, eu discordo que eles sejam indícios de qualquer coisa. Não existe crivo qualitativo pra publicar um ebook na Amazon exceto aqueles que a própria Amazon coloca lá. Cumprindo-os, você pode colocar à venda. E colocar à venda é fácil, difícil é fazer vender (você já comprou um livro gerado por uma IA?) Entra aí o ponto que comento sobre a percepção da qualidade de um conteúdo de IA. Se alguém me apontar uma boa história inteiramente escrita e editada por uma IA, sem qualquer intervenção humana na concepção, aí dá pra começar a entender esse potencial como além de especulação.
E sobre NFTs, pô, só se fala em outra coisa, né? NFTs fizeram lá o seu nicho com aqueles idiotas de sempre, amplamente rejeitadas até onde sei no mundo real. Acho que arte de IA e NFTs tem mesmo tudo a ver e se merecem demais, mas não consigo entender como exemplo pra qualquer outra coisa.